Menino Deus

Menino Deus
"E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós " (João 1,14)

«Quanto mais Me honrardes, mais Eu vos favorecerei».

Menino Jesus de Praga

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Exultai todos os cristãos: é o Natal de Cristo!





Sto Agostinho
Celebremos o Natal de Cristo com afluência e solenidade devida. Rejubilem-se os homens, rejubilem-se as mulheres: nasceu Cristo homem, nasceu de uma mulher e ambos os sexos são honrados. Passe, pois, já para o segundo homem, o que no primeiro foi condenado. Inoculara-nos a mulher a morte; nova mulher os deu à luz a vida. Nasceu em semelhança da carne do pecado pela qual seria purificada a carne do pecado.

Rejubilai-vos, jovens clérigos, que escolhestes em seguir de modo particular a Cristo, que não procurastes matrimônio: não veio a vós pelo matrimônio aquele a quem, segundo, encontrastes.

Exultai, virgens consagradas; para vós, a Virgem deu à luz aquele que desposastes sem alteração da virgindade, e que não podeis perder o vosso amado nem concebendo nem dando à luz. Exultai, justos, é o Natal do justificador. Exultai, enfermos, e doentes: é o natal do que dá saúde. Exultai, cativos, servos, é o Natal do Senhor. Exultai, livres: é o Natal do libertador. Exultai, todos os cristãos, é o Natal de Cristo.

Cristo, nascido de mãe, preparou este dia, desde séculos, e foi quem, nascido do Pai, criou todos os séculos. Em seu Natal divino, não pôde ter mãe alguma, nem no natal humano, pai algum. Enfim, nasceu Cristo tanto de pai quanto de mãe, e sem pai nem mãe: Deus, por parte de Pai; homem, por parte de Mãe; Deus, sem mãe; homem, sem pai. Quem, pois, narrará sua geração? (Is 53,8) ou aquela, sem o tempo, ou esta, sem sêmen; aquela, sem início, esta, sem exemplo; aquela, que nunca deixou de ser; esta, que nem antes nem depois existiu; aquela que não tem fim; esta que tem seu início onde tem seu fim. Justo, pois, que os profetas pressagiassem e que os céus e os anjos anunciassem tão grande nascimento.

Foi posto em manjedoura quem encerrava o mundo; e era criancinha e o Verbo. Aquele que os céus não encerram, o ventre de uma mulher levava. Ela governava nosso Rei; levava ela aquele em quem existimos, aleitava nosso pão. Ó manifesta fraqueza e admirável humildade em que assim se ocultou toda a divindade! O poder governava a Mãe, a quem se achava submetido; e aquele que se alimentava aos peitos dela, a alimentava da verdade.

Complete em nós seus dons aquele que não desprezou nossos primórdios; e faça-nos ele próprio filhos de Deus, que por nós quis tornar-se filho do homem.
Sto Agostinho, Sermão CLXXXIV, 2-4, Ofício Marial.
 
Fonte: GRAA

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Contemplando o Menino Jesus


Todos devemos procurar sermos amigos do Menino Jesus e amá-lo como crianças amigas amam: de modo simples e sincero. E, assim como o objeto amado transforma o amante tornando-o semelhante a Si, temos esperança de que o nosso amor ao Menino Jesus nos transforme em meninos bons.
Em função da proximidade do Natal, gostaria de falar-lhes sobre o Menino Jesus.  As meditações sobre o Menino Jesus são profundamente frutíferas, pois, rememorando a inocência do Menino Jesus, fazendo-a presente em nós, é mais fácil termos horror a nossa maldade, ainda tão profundamente enraizada em nossas almas. Trazer à memória a fragilidade e a inocência do Menino Jesus nos ajuda a secar a raiz e a seiva da árvore dos vícios. Sua raiz: o orgulho… a seiva: o egoísmo.

Para sermos amigos do Menino Jesus, temos que frequentar a sua casa, visita-la com diligência e assiduidade. Como bom filho o Menino Jesus está sempre em casa … e nunca disperso. Ora, como o Menino Jesus é hoje um pequeno Menino, sua casa é assistida por sua Mãe, Nossa Senhora. E é Ela – sempre Ela – que nos abre a porta para que possamos brincar e conviver com o Menino. Colocamo-nos assim sob a guarda da Virgem, e só então temos liberdade na casa do Menino. E eis aqui um consolo: brincar com o frágil e pequenino Menino Jesus é – necessariamente – estar sob a proteção do Véu poderoso de Nossa Mãe Santíssima!  E tudo que fazemos … fazemos sob seu olhar zeloso e atento.
Brincar com o Menino Jesus é muito mais do que brincar com aquele garoto, que certamente existe na memória de cada um de nós e que era conhecido como o “dono da bola”. Aquele nos fornecia não somente a ocasião de brincar, como também o procurado brinquedo: a bola. Brincar com o Menino Jesus é brincar com aquele que é dono de tudo, de todas as bolas, de todas as esferas, inclusive as celestes. É brincar com aquele que rege todas as jogadas … todos os ciclos, rege todos os campos e todos os tempos.  E com todo esse poder não deixa de ser … Menino! Como é possível tal milagre? Um Deus Todo Poderoso que se faz menino para que assim não tenhamos dEle medo, mas ao contrário, tenhamos compaixão… Tenhamos um verdadeiro amor. Como Menino não nos ameaça, como Menino ele nos convida para brincar.
É bom termos isso em mente. Afinal, para brincar é necessário um repouso de alma, uma tranquilidade na ordem: é necessário paz, em contraposição à tensão de ânimo necessária para a execução das atividades quotidianas. Ao lado do Menino, temos a disposição de alma necessária para contemplá-lo.
Mas qual será a brincadeira ou jogo que podemos fazer com o Menino Jesus? Jogo com bolas? Com cordas? Com pipas? Afinal, o que é melhor e mais adequado? Com o menino Jesus temos uma brincadeira um tanto diferente… Assim como um pai contempla o seu filho recém-nascido e se admira de cada detalhe de seu ser, do detalhe dos seus olhinhos, de seus dedinhos… Assim também nós com o Menino Jesus contemplamos cada detalhe, meditando. Essa admiração, que nasce do reconhecimento do que o Menino é, faz nascer em nós o desejo de brincar.
E então nos surpreendemos brincando com a criança, brincamos com o delicado toque da ponta dos dedos que busca contemplar também o sorriso da criança… Assim também nós brincamos com o Menino Jesus. Brincamos com Ele contemplando-O… E cada movimento de nossa alma tem por fim desvendar os detalhes daquele Ser espetacular e maravilhoso. Daquele Ser pequenino que encerra em Si toda a perfeição.
Os movimentos que tem origem em nossa alma buscam – naturalmente – o reconhecimento do que a criança é. Esse reconhecimento causa, em nós, ternura. E assim descobrimos mais e mais a inocência da criança. Não satisfeitos com uma brincadeira, repetimos o movimento. As pontas de nossos dedos tocam novamente a criança, na esperança de faze-la sorrir e descobrirmos, então, como são seus movimentos mais delicados e espontâneos.
Brincar com o Meninos Jesus é contempla-Lo. Essencialmente, contempla-Lo. Buscar em seu sorriso delicado e sereno uma compreensão maior sobre o que Ele é… Afinal como é possível o Onipotente ser assim tão frágil, tão pequeno, tão exposto às adversidades do ambiente?
E por fim conquistamos uma esperança renovada e mais profunda com esse brincar… Esperamos que a contemplação de um sorriso tão sábio e inocente possa nos curar de nossa malícia – tão avessa ao Ser inocente do Menino.
Esperamos um dia, no céu, fazer nossa alma retribuir – adequadamente – também com um sorriso tranquilo e sereno ao Menino Deus, a tudo o que Ele nos entregou e deu.
Encerramos assim a visita ao Menino Jesus, saudando a Mãe e Dona da Casa, que tornou possível esse Milagre dos Milagres.
Salve Maria Santíssima!
Bruno Oliveira